domingo, 4 de março de 2012

Tudo flui

   “Phanta rhei” (tudo flui) usada por Heráclito (540-480 a.C.), resume muito bem essa questão de mudança. Segundo a concepção de Heráclito tudo está em movimento e nada dura pra sempre; o dia vira noite, o vapor se transforma em líquido que por sua vez “flui” para sólido. Coisas quentes esfriam, coisas frias esquentam; coisas úmidas secam, coisas secas umedecem etc. Podemos levar em conta também as várias formas que os átomos dão a matéria.  Tudo se move, nada se fixa na imutabilidade. Ele costumava repetir uma frase que se tornou célebre – ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou. Assim, tudo é regido pela dialética, a tensão e o revezamento dos opostos. Portanto, o real é sempre fruto da mudança, ou seja, do combate entre os contrários. Para este filósofo, a dialética pode ser exterior – um raciocínio de dentro para fora – e imanente do objeto – quando se foca na observação atenta do ser. Heráclito entende este processo dialético como um princípio.

Deste conflito entre os opostos é que nasce a concórdia, a harmonia. Isto permite que o Ser seja uno ao mesmo tempo em que se encontra mergulhado nas constantes mutações do contexto que o envolve. Ele ainda afirma que os contrários ocupam perfeitamente o mesmo espaço, simultaneamente, como o início e o final de uma esfera. Partindo destes postulados, Heráclito estabeleceu uma ‘arché’, ou seja, uma origem de tudo que há – o fogo, para ele o elemento primordial entre os outros que constituem o universo: água, terra, ar. Sob seu ponto de vista, esta substância transmuta-se em tudo que existe, assim como tudo nela se transforma – percebe-se, assim, um fluxo constante de mutação.

Heráclito de Éfeso



2 comentários:

  1. "Ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio".

    Cada momento que nós vivemos é único!

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  2. Tudo se move, somos seres mutaveis, cada segundo tem seu valor único.

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